Empreendedorismo

O que é um Investidor Anjo e o que ele procura

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Contar com um investidor anjo pode ser o impulso que faltava para acelerar o crescimento de uma empresa.

O formato de atuação desse tipo de profissional combina recursos financeiros e uma assessoria personalizada, dispondo de um conhecimento que faz toda a diferença para quem está começando no mundo dos negócios.

Por essas e outras razões, os “anjos” são cada vez mais procurados por empreendedores que focam na inovação – premissa para atrair essa modalidade de investimento.

Se você está buscando esse suporte ou pensando no assunto, recomendamos que continue lendo este artigo.

No final, você vai saber como funciona essa dinâmica, quem são os investidores anjo e o que fazer para conseguir o apoio de um.

O que é investidor anjo?

Investidor anjo é um profissional experiente como empreendedor, empresário, executivo ou autônomo, que se dispõe a dedicar parte de seu patrimônio e tempo ao crescimento de negócios inovadores.

Apesar do nome, o “anjo” não tem motivações filantrópicas ou caridosas. Ele aposta em empresas com grande potencial de crescimento para recuperar seu investimento na forma de lucro.

O termo curioso que representa esse tipo de investidor vem da tradução das expressões em inglês que deram origem a essa prática: Angel Investor ou Business Angel.

Eles eram usados, inicialmente, para fazer referência a executivos ou empresários que patrocinavam shows da Broadway nas primeiras décadas do século 20, pois eles compartilhavam os riscos e lucros com os responsáveis pela produção dos espetáculos.

Por isso, o termo acabou evoluindo para designar profissionais bem-sucedidos e maduros, que chegaram a um estágio em que é possível investir com alto risco em negócios que estão nas fases iniciais.

Conforme explica Cassio Spina, fundador da ONG Anjos do Brasil e autor do livro “Investidor Anjo – Guia Prático para Empreendedores e Investidores”:

“O Investidor Anjo recebe, por seu investimento, uma participação societária minoritária no negócio, e não assume posição executiva na empresa, mas atua como um conselheiro orientando os empreendedores e participando das decisões estratégicas da empresa, aumentando muito suas chances de sucesso, bem como acelerando seu desenvolvimento.”

Como funciona o investidor anjo

Normalmente, esse profissional emprega entre 5% e 10% do patrimônio que possui para fazer seus investimentos.

É natural que esse valor esteja fragmentado, dividido entre diversos negócios nos quais o “anjo” acredita, enxergando escalabilidade e capacidade de expansão em alguns anos.

Portanto, o tempo disponível para orientar os empreendedores é curto, compensando pela qualidade dos conselhos, da rede de contatos e das lições vivenciadas pelo investidor.

Outro fato comum é a entrada de mais de um investimento desse tipo em uma mesma empresa – em geral, uma startup.

Isso porque, para diluir os riscos e o tempo de dedicação necessário para o crescimento da companhia, vários “anjos” fazem um aporte simultâneo no empreendimento.

Dessa forma, o gestor ou gestores terão auxílio de diferentes fontes, o que eleva o repertório disponível para resolverem problemas simples e complexos no dia a dia.

Para tanto, é escolhido um líder (Lead Investor), que fica responsável por uma participação mais ativa e analítica do negócio, a fim de guiar as ações dos demais investidores, denominados followers ou seguidores.

O que faz um investidor anjo?

Ele pode ter uma série de atividades, incluindo demandas não relacionadas a sua posição de investidor anjo.

Há, por exemplo, aqueles que estão à frente ou integram o conselho e outros órgãos gerenciais em sua própria empresa.

Assim, não se pode esperar um grande envolvimento desse profissional no negócio em que entra com um aporte, pois não é esse o seu objetivo.

Na verdade, o “anjo” costuma interferir em situações pontuais, diretamente ligadas à gestão e ao mercado, a fim de empregar seus conhecimentos para mostrar um caminho adequado ao empreendedor.

Quando assume como investidor-líder, à frente de grupos com 2 a 5 pessoas, suas tarefas incluem uma avaliação prévia sobre o negócio e seu possível futuro, e uma pré negociação com o empreendedor responsável.

Essas atividades conferem agilidade à tomada de decisões, uma vez que reunir todos os investidores pode ser complicado, assim como os debates para analisar se determinada empresa se enquadra, ou não, nas condições ideais para receber um aporte.

Então, o líder adianta as informações mais relevantes e faz um balanço sobre a oportunidade de investimento que será apresentada aos seguidores, ofertando as informações necessárias para embasar sua escolha.

Quem pode ser investidor anjo?

Em resumo, pode estar nesse papel aquele que acumular rendimentos e experiência de mercado suficientes para auxiliar negócios que estão no início de sua trajetória.

A maioria dos investidores anjo está em uma fase de maturidade, passou por situações boas e ruins, cometeu erros e acertos com seu próprio negócio ou em posições executivas.

Graças a essa vivência, estão aptos a compartilhar as decisões que levaram a resultados positivos e negativos, através do chamado smart money.

Essa expressão é usada para mencionar o capital intelectual do “anjo”, seu investimento imaterial para impulsionar startups e empresas inovadoras.

Por vezes, esse aprendizado acaba sendo até mais importante do que o dinheiro, pois evita falhas de percurso já conhecidas pelo investidor e que podem impactar o empreendimento.

É caso de um conselho sobre o melhor momento para aumentar o número de unidades físicas de uma empresa.

Conhecendo o mercado e as dificuldades para crescer, o “anjo” pode recomendar que o empreendedor espere mais algum tempo antes da expansão, faça testes e levante argumentos que justificam as novas instalações.

Quanto à participação minoritária na empresa, o ideal é que a porcentagem que fica com o investidor não ultrapasse 15%, para não comprometer a entrada de novos aportes em fases mais avançadas do negócio.

Ao contrário da crença popular, não é preciso ser rico para assumir esse posto.

Entretanto, vale acumular um patrimônio razoável, segundo especialistas, e diversificar a carteira de investimentos para reduzir o risco de perdas consideráveis.

Nas palavras de Fábio Póvoa, investidor-anjo e diretor da Smart Money Ventures:

“Para mim, como ponto de partida, um anjo deve ter cerca de meio milhão de reais no seu patrimônio líquido. Com esse dinheiro, ele investiria uma porcentagem em várias startups para que a taxa de risco seja menor e seu portfólio de investimento mais diversificado.”

Como o investidor anjo ganha dinheiro?

Como mencionamos acima, é comum que esse profissional tenha outras fontes de renda, fora dos investimentos em empresas inovadoras.

De qualquer forma, o investidor anjo trabalha com retorno em médio e longo prazo, sendo raro que o negócio comece a render lucro antes de alguns anos de mercado.

Tanto que a própria lei que regula essa prática reserva os dois primeiros anos para que o fundador estruture seu empreendimento e, só então, o “anjo” pode retirar o capital financeiro investido.

Mas o natural é que ele mantenha seu aporte, ou até o aumente para garantir a mesma porcentagem de participação nos lucros caso o capital social seja elevado.

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